domingo, 14 de fevereiro de 2010

Diálogo entre culturas exige construção política

"A construção coletiva e o espaço de trocas nem sempre são sinônimos de acordos e da falta de tensões. É uma atitude, uma disposição e não um resultado. Acontecem na sociedade em meio a tensões, conflitos e jogos de poder", disse o coordenador acadêmico do Mutirão Latino Americano e Caribenho de Comunicação, Washington Uranga, na conferência principal deste sábado, dia 06.

Jaime C. PatiasWashington Uranga durante conferênciaDesenvolvendo o tema "Comunicação no diálogo das culturas", o professor Uranga afirmou que convivemos com "perspectivas diferentes, em que cada um observa, interpreta e age a partir de sua identidade cultural. O diálogo entre culturas exige uma tarefa de construção política, uma relação entre atores que assegura direitos e constrói condições para o diálogo", esclareceu Uranga. Para ele, precisamos ter uma postura aberta à escuta sem renunciarmos à identidade e à defesa das próprias ideias.

De acordo com Uranga, é necessário pensar o indivíduo em sua subjetividade como parte da construção da cultura, não existindo diálogo quando ocorre qualquer tipo de exclusão ou de marginalização pelo outro. Para tanto, é necessário construir condições e lutar pela garantia dos direitos humanos, tornando-nos "responsáveis uns pelos outros", afirmou o jornalista fazendo o convite para que todos pensem em pequenas mudanças, de modo a caminhar e observar cada passo.

O professor citou tarefas que podem ser assumidas por todos a partir da perspectiva de direitos humanos, entre elas, criar e promover observatórios e auditorias de comunicação, influenciando na qualidade da comunicação, dos produtos culturais e para melhorar a agenda pública.

A conferência gerou participações provocativas da plateia, a exemplo da pergunta sobre como agir diante de situações em que é o próprio Estado quem desrespeita os direitos humanos. Uranga respondeu que o poder do Estado vem de um processo de delegação e quando há situação de opressão, "é uma tarefa política construir a liberdade, podendo ser pacífica ou não". O conferencista lembrou a existência de mártires na causa de militância política e cultural.

O Muticom teve início dia 03 e encerrará suas atividades no domingo, dia 7, em Porto Alegre, RS.

*Cecília de Paiva, jornalista, revista Missões no Muticom, em Porto Alegre.

Fonte: Revista Missões

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