sábado, 8 de março de 2008

Planejamento de evento


DICAS DE RELAÇÕES PÚBLICAS





TÓPICOS:

EVENTO EM ESPAÇO INSTITUCIONAL


1º - PLANEJAMENTO DOS OBJETIVOS – o que se pretende com o evento em relação ao público e a instituição.
2º - - CLASSIFICAÇÃO – simples para poucas pessoas, simples para muitas pessoas – se com requinte, verificar quais, que tipo e a forma.
3º - ESPAÇO – avaliação – metragem – levantamento do vazio e de itens cheios (bancos fixos, janelas, etc.) – definição de uso e aproveitamento dos espaços internos e das possibilidades de uso e de locação de itens e de outro(s) ambiente (s).

4º - ESTRUTURAÇÃO – ocupação do espaço – encontro do físico com a idealização planejada.

5º - DOCUMENTAÇÃO – verificação legal de se montar o evento, por exemplo, ATOS internos ou leis a serem seguidas para a instalação, produção e efetivação (ECAD, CREA...) verificação de normas internas para produzir as REGRAS E DIRETIVAS DO EVENTO.
6º - PESSOAL – aproveitamento de pessoal para formação de equipe e de voluntariado que possam estar DIRETAMENTE ENVOLVIDOS – distribuição de tarefa por características pessoais e de aproveitamento de experiências anteriores de cada envolvido.

7º - RECURSOS FINANCEIROS – ANTES da verificação de levantamento dos recursos financeiros, como buscar apoio e patrocínio, fazer a constatação de itens existentes e que podem ser disponibilizados (da fita crepe ao cordão de fita de inauguração), com aproveitamento de serviços/materiais que possam contribuir direta e INDIRETAMENTE, incluindo recursos humanos e fundos de reserva.
8º - DESCRIÇÃO DE MATERIAL – CHECK LIST com descrição todo o tipo de material a ser utilizado – quantas tomadas e para que cada tomada – material de pequeno porte para emergências e trabalhos de miudezes em geral, como tesoura, fitas decorativas e tecidos para disfarce, agulha, fita crepe e adesivas; material de correspondências e convites, cartazes – uso de orquestra/músicos, buffet, bailarinos, etc.
9º - - COORDENADOR DE NÚCLEO E SUBCOORDENADORES – formação ideal da equipe envolvida – com tarefas pré-determinadas – definição a quem se reportar e sob qual referência (tema tal com fulano, tema tal com beltrano, etc.)
10º - CRONOGRAMA – com fases pré, durante e pós evento – dividir em várias etapas e subdivir em cronogramas mais detalhados – montagem de datas e tarefas com especificação de cada ação e nominar o responsável. Incluir um quadro para companhamento do TEMPO com o objetivo de prevenir possíveis chuvas, tempestades, frio ou calor, além de outros itens de VARIÁVEIS.

11º COMUNICAÇÃO VISUAL– preparação da marca do evento institucional, produção de campanha publicitária com decisão de peças publicitárias ou sistemas de relações públicas e de divulgação/marketing, o que vai marcar o evento e decisão de preparação de BRINDES E LEMBRANÇAS. Se for o caso, visualização do evento, palco e preparação de palco (visual e técnico).

12º REUNIÃO DE TREINAMENTO E DE REPASSE DE AÇÃO - de integração, capacitação, formação institucional, fortalecimento da consciência institucional e do entusiasmo pela causa, troca de idéias para o alcance dos objetivos, documentação dos passos concretizados e dos idealizados.
13 - EVENTOS DE TERCEIROS – ver agenda de terceiros e outros eventos similares que possam contribuir, distrair ou tirar o brilho do evento em questão.

14º - PRODUÇÃO DE PLANO ESCRITO.
15º - CHECK LIST COMPLETO - PRÉ, DURANTE E PÓS EVENTO
16º - RESULTADOS OBTIDOS – relatório e descrição de erros e acertos e CONFERÊNCIA DE ALCANCE DE OBJETIVOS (NEM TODOS ESTIVERAM EM TUDO).

Cecília S. de Paiva

quinta-feira, 6 de março de 2008

Santas Missões Populares inspira testemunhos de evangelização


Imprensa católica


Matéria publicada no site da Revista Missões (5 de março de 2008)


Evangelizados e evangelizadores das Santas Missões Populares de Campo Grande - 05/03/2008


de Cecília Soares de Paiva *

No quarto domingo da quaresma, dia 2 de março, a Arquidiocese de Campo Grande, MS, realizou um encontro de formação sobre as Santas Missões Populares (SMP) com a participação de mais de 250 pessoas dispostas a prosseguirem a Missão. A missa presidida pelo arcebispo Dom Vitório Pavanello, abriu o evento que teve boa música de animação, apresentação dos objetivos e palestras intercaladas com testemunhos. Inspirada nas ações dos anos anteriores, a coordenação conseguiu, logo nos primeiros momentos, trazer o sentido aproximativo entre os participantes, incentivando-os a se conhecerem para formar grupos com pessoas de bairros e diferentes realidades. Essa formação visava organizar a tarefa da tarde com a visitação missionária pela vizinhança e partilha da experiência. O Coordenador das SMP da Arquidiocese, padre Ubajara Paz de Figueiredo, lembrou o jubileu da Arquidiocese de Campo Grande, com seus 50 anos de vida e missão e da realização das SMP desde 2006. “As Santas Missões Populares é como um marco vivo do gosto de ser evangelizado e de evangelizar”, explicou padre Uba que citou o Documento de Aparecida como inspiração principal.Refletindo sobre a caminhada e o futuro das SMP, o Coordenador da Pastoral Rural Odailton Caetano recordou que “somos missionários reunidos para uma prática missionária!” Procurando saber dos participantes sobre a necessidade da ação missionária, alguns disseram que era “para buscar os irmãos afastados e evangelizar”, outros que era “por serem discípulos de Jesus Cristo”. Odailton completou ser realmente pelos irmãos afastados, mas também porque a Igreja precisava sair do comodismo. “Dar uma sacudida e sair de si buscando o povo que está no chão, os que vivem no medo e na falta de sentido da própria vida”.No período da tarde, grupos de três saíram para a prática missionária, com a tarefa de fazerem três visitações. No retorno, os depoimentos demonstraram a convicção de estarem longe de se sentirem ‘acomodados’ mas, firmes em defender “as coisas do alto”.As reflexões prosseguiram sobre a catequese, a juventude e a presença das mulheres nas Missões, com palestras sobre a atuação responsável de todos na crença de um mundo melhor. Padre Valdomiro Bronakowski contou a experiência das SMP e a forma como atua o Conselho Missionário da paróquia São João Bosco, organizado em setores onde cada quadra tem seu coordenador. Dessa forma, nenhuma quadra ou pessoa fica de fora. Funciona assim há dez anos e a distribuição vai sendo feita com a criação de novas comunidades. As reflexões sobre o Documento de Aparecida versaram a partir da realidade campo-grandense ressaltando que a Missão seja vivida de forma permanente para irradiar a presença de Deus na vida das pessoas. A Igreja deve ser mais dinâmica, renovada, sair de si e ir ao encontro do outro, contagiando os cristãos e a sociedade.A mensagem final procurou incentivar a Missão sem pensar que são poucos os atuantes, uma vez que cada um deve ser missionário onde estiver. Houve espaço também para a apresentação de materiais referente ao 12º Intereclesial das CEBs, marcado para julho de 2009 em Porto Velho, Rondônia, com o tema: “Do ventre da Terra, o grito que vêm da Amazônia”. Tereza Hayafuji, coordenadora diocesana das CEBs do Oeste 1, explicou que, antes do nacional, haverá um encontro com todo o Centro-oeste, em Brasília, de 13 a 19 de outubro de 2008.


*Cecília Soares de Paiva é jornalista / Oeste l



Fonte: Cecília Soares de Paiva / Revista Missões

terça-feira, 4 de março de 2008

Jornalista: profissional com teoria e agenda



Cecília de Paiva *





Resumo
A base do profissional de imprensa não está na aplicação das teorias estudadas, mas no entendimento de todas elas, de forma que contribuam para que se mova e interaja, sem que se atenha somente à intenção de agir por convencionalismo, mas também por ideologia, onde se consegue acompanhar o que a sociedade precisa e o querer do mercado. Diante dos estudos das teorias propostas por Nelson Traquina, ressaltou entender melhor a proposta do agenda setting, visando observar alguma aplicabilidade ou sua rejeição.


1.Sem tempo para pensar em ser herói

Na produção de uma notícia, apesar da possibilidade de se apurar todas as versões de um fato, muita coisa escapa e nunca o mosaico se completa para a contextualização do ocorrido. Não há como rever o acontecido como se fosse possível atravessar um portal do tempo, assistir o que aconteceu e, como num replay, analisar cena a cena e então, produzir a matéria. Porque nenhum ato humano se repete no tempo, o jornalista tem de coligir critérios de conhecimento e de persistência em um curto período de tempo, sob pena de sua investigação ser uma matéria fria ou de gaveta.
Para que o jornalista possa fazer seu papel de autoria, é imprescindível a fundamentação de seus conhecimentos, atentar-se de todas as possibilidades e das teorias já estudadas, ter como expor seu posicionamento ideológico e de compromisso social, e ainda conseguir atuar com precisão, de forma a ser favorecido pelo seu meio e as circunstâncias em que se encontra, para não correr o risco de ter suas pautas engavetadas. Se possível, produzir para salvar o planeta sem se ater a sintomas de um super-herói ou de um descobridor das Américas.
Em questionamentos sobre o que é o jornalista, Jorge Cláudio Ribeiro diz que a construção da identidade do profissional resulta do entrecruzamento de referências históricas, da identidade da empresa, da subjetividade e da classe social preponderante no grupo de jornalistas. O autor ainda complementa que existem duas dinâmicas, sendo uma, a afirmação de valores próprios e a resistência à imposição de valores externos.
Na formação profissional, com sua amplidão acadêmica e social, as circunstâncias históricas e do presente são como parte de sua própria vida, posto ter que entender a complexidade da sociedade e, inserido em seu tempo, entender o assunto que vai tratar.
Por trazer suas concepções ao produzir seu texto, o jornalista raramente está isento na sua atuação como um filtro. Por essas mesmas concepções, impossível tratar um assunto de forma isenta de ideologias. Tudo depende do contexto em que o profissional está inserido e para o quê, como, por que e aonde vai o material produzido. Há ocasiões em que o ato de escrever pode ter força tão grande que o autor fica como um instrumento narrador e o que ele pensa não inclui nesse arroubo criativo. Isso geralmente acontece quando se conhece tudo o que se relaciona ao tema tratado.

1.1.Produção circunstancial
Das muitas vertentes da produção da informação jornalística, a atuação se faz pelos novos campos que se abrem a cada dia, com a tecnologia e seus meios; outros ainda carregam o chamado romantismo da profissão, em que muito assunto se extrai de informações de pessoas comuns, do dia-a-dia do profissional atento. Do taxista, motorista, das saídas em algum barzinho, uma boa história nasce ou se completa e muitas histórias enriquecem o conteúdo jornalístico.
A cada dia também muitos cursos de graduação e especialização lançam profissionais cada vez mais preparados para enfrentar essa nova tecnologia. Com o tempo, esses mesmos profissionais apuram suas produções pelo olfato em que essa atuação chamada romântica - a apuração de fatos nas esquinas e andanças - conseguem reunir características que façam desse profissional um gate de emissão de informações filtradas para a sociedade.
Ter uma imprensa favorável à sociedade depende de circunstâncias que se abrem para que jornalistas utilizem seus conhecimentos sempre em prol do exercício profissional, visto ser uma ciência da prática. Trabalhar com a escrita tem a prioridade do estudo e da experimentação e, com toda essa dinamicidade, muitas teorias do jornalismo se encaixam pelos estudos do que já foi produzido. Outras vezes, nada ainda foi conceituado e é preciso estudar para entender essa nova pratica diante das teorias existentes. O que está sendo inovador deve ser entendido teoricamente para ser aproveitado em outras ocasiões. É daí que novas teorias e conceitos nascem ou as existentes podem ser refutadas, modificadas, ampliadas ou confirmadas.




1.2.Da ética na prática teórica
Na prática jornalística, José Martinez Albertos afirma que a função da imprensa é a de manter a sociedade em estado de diálogo, para que todos os seus membros participem da vida em comum. Na prática dessa afirmação, muito profissional se esbarra nas fronteiras invisíveis da estrutura empresarial, convivendo com pesos e medidas diferenciadas, como por exemplo, a de outro jornalista que esteja no topo, com um alto salário na instituição e tenha maior liberdade de produção.
Diz Nelson Traquina sobre a teoria organizacional do jornalismo que a produção de notícias é influenciada pela repartição dos recursos da empresa jornalística. Isso inclusive, é um dos fatores para que o jornalista do topo salarial questione o próprio poder, ainda mais que, dentro da empresa, prestígio é muito relativo. Segundo afirma Jorge Cláudio Ribeiro, no livro Sempre Alerta, os profissionais são céticos porque hoje podem estar no auge, no outro dia e, sem culpa, podem estar no olho da rua, e com razões obscuras.
Seja pelas cobranças institucionais, seja na manutenção da individualidade, muito se discute a ética da profissão e, nas concepções deontológicas do cotidiano profissional, tudo é cobrado do outro e nem sempre é praticado pelo próprio. Saiu da linha uma vez, é um profissional taxado com características nem sempre condizentes com seu próprio caráter. Nem a vítima do possível deslize deontológico tem como parar e pensar sobre sua linha de atuação posto ter de correr atrás do que é notícia e, na necessária sobrevivência, é comum o duplo emprego, com um período a serviço de um órgão público, em assessoria de imprensa, outro em algum jornal eletrônico ou impresso.
Há um leva e traz adequado às exigências de mercado, nem sempre condizentes às teorias de jornalismo.
De qualquer forma, a ética profissional tem origem na individualidade, mas se consolida num processo solidário, segundo afirma Jorge Cláudio Ribeiro. A ética é do cidadão antes de tudo. Ser membro de grupos e ter de dialogar com esses e outros grupos faz com que tenha deveres, principalmente no acúmulo de informação para que entenda o que vai produzir.




1.3.Possível teoria
Mario Erbolato, em Deontologia da Comunicação, afirma que a imprensa pode influenciar a quase todas as pessoas que lêem as matérias, pois imaginam ou ficam sabendo o que os demais membros da sociedade fizeram ou vão fazer, ou simplesmente pensam, e tentam segui-las. Mas dentro do sistema social, os poucos que acompanham a imprensa sofrem muitas influências além do que consta em um meio de comunicação, e esses têm consciência de que nem sempre a mídia consegue impor livremente qualquer versão dos fatos porque depende do contexto extralingüístico. (ARBEX JR., 136)
Percebe-se, ao atuar na imprensa, a possibilidade de interferência no cotidiano do público pelas abordagens midiáticas, posto ser a imprensa produto da própria sociedade.
Nas especificações teóricas, consta o agenda setting não como um sistema de modificações sociais provocadas pela mídia, mas uma hipótese de instigação das conversas entre as pessoas conforme as notícias lançadas pela mídia.
De qualquer forma, dizer que os assuntos discutidos na sociedade provêm do que foi lançado na mídia é uma questão apenas provável, posto não haver como constatar se isso realmente acontece, nem que se faça uma intensa pesquisa de opinião pública. Mensurar o que se passa na cabeça de cada pessoa, ou ter obviedade nessa questão, esbarra-se nas variáveis e interferências existentes no meio social.
Nos estudos sobre a pratica que visam comprovar cientificamente a hipótese do agenda-setting, Barros Filho aponta as dificuldades de ordem epistemológica, porque não há harmonia na definição de prazos para a constatação dos efeitos da noticia no dia-a-dia sociedade. Até que se analise o que a sociedade discute como tema, se é proveniente do noticiado ou não, há um prazo muito curto que cerceia a fertilidade possível dos resultados.
Além do mais, há um fluxo contínuo entre fontes diversas que o jornalista consulta para tratar um assunto, e muitas pautas se originam nos sistemas e organizações existentes na sociedade, sendo que não é pelo fato que haja coincidência temática que, necessariamente, são os meios que agendam o público. Nada nos garante que não seja o contrário. (BARROS FILHO, 177/178).
Pode-se dizer que existem casos de os próprios meios de comunicação agendarem-se mutuamente. A exemplo do que acontece no eixo Rio-São Paulo, e Brasília. Do clima de violência que sofrem esses dois estados, a imprensa de outras regiões redistribui seus textos e matérias e ainda encontram casos de violência similar, ou interligada aos grupos criminosos existentes nesse eixo. Quando se trata da atuação política ligada à Brasília, é aceitável que se ecoe nos estados de origem do político certas notícias, mas as conversas de bastidores e escândalos são preferíveis em noticiários de grande e de pequeno porte. Evidentemente, parte da resposta à pergunta sobre quem agenda os meios se encontra nos próprios acontecimentos da realidade. Estes são a fonte primária de todo trabalho informativo (BARROS FILHO, 185).
Como um exemplo clássico da possibilidade do agendamento, Barros Filho, nos seus estudos sobre o agenda setting, diz que as referências constantes das temporadas eleitorais exemplificam casos em que as notícias provocam comentários e até conseguem modificar votos. Mais adiante, o autor aponta a definição do agenda-setting como algo de comprovação científica desconfortável e aponta tipos de agendas com uma definição precisa de uma prática visivelmente encontrada no universo da imprensa. Há a agenda individual e a interpessoal, a agenda da mídia, a agenda pública e a agenda institucional.
Vê-se que se refuta uma teoria lacrada ou condicionante, mas se percebem possibilidades que impulsionam estudos e esclarecimentos das muitas práticas do mercado jornalístico.
Diante disso, no que se refere a sua possibilidade, a pauta jornalística deve ser provocada de forma que os interesses sociais não sejam suprimidos pelo interesse institucional, mas conciliatório em que se deve lembrar de situações em somente o calendário pontua, ano após ano, e vai sendo esquecido na memória social. Se o Dia da Cultura no calendário brasileiro existe, o profissional aproveitar e incentivar uma vertente diferente da pauta do dia, expondo matérias de interesse cultural e outras que retratem o porquê dessa data.
Na intenção de unir o serviço de assessoria de imprensa em benefício da divulgação de uma agenda cultural da sociedade, o jornalismo tem como fazer a cobertura de exposições relativas a datas especificas ou às características do mês e da estação, observando melhor o que artistas e espaços culturais fazem ou lançam ao longo do ano, em suas atividades profissionais e funcionais.
Com essa possível agenda praticada nos mídia, muitas assessorias aproveitam para organizarem exposições culturais conforme épocas ou datas de interesse público.
Erbolato diz que “os matutinos, os vespertinos e as revistas dedicam seções para informar a respeito de cinema, rádio, televisão e livros. Os programas são comentados entre as pessoas. As novelas mudaram hábitos e alteraram a comunicação entre os membros de cada família” (p.25)
O efeito é a provocação da mídia local para que pauteiros e jornalistas de plantão utilizem o material pelo interesse da época, período ou data especial, resultando em uma cobertura jornalística no local do acontecimento ou a publicação do relise transmitido por uma assessoria de comunicação.




2.Reflexão
Apesar de existirem sistemas, temas e muitas formas de fazer um jornalismo diferente, acontece, ultimamente, que estão as mesmas fotos e temas favorecendo apenas a manutenção da mídia e não a sua evolução. As alterações mercadológicas empregam, mas por não ser a imprensa artigo de primeira necessidade, há a constante perda de público mantenedor.
A imprensa convive com um contexto de contradições em que tudo cai na vala comum. O inchaço urbano, produtor da favelização e de outras conseqüências estruturais. Invasão de lotes, moradias em cima de veios d’água, esgotos e lixões, saneamento básico inexistente, e no final de toda essa cadeia de irregularidades, a falta do registro de endereço que solidifica a legalização urbana e todos os benefícios que o Estado deve atender.
O jornalista, originário dessa miscelânea, sofre menos ao entender as possibilidades de como fazer jornalismo e não se prender a essas possibilidades. Entender para visualizar o contexto do caos, sem a destruição citada na teoria do Efeito Borboleta (ou Teoria do caos), mas mover-se na direção da harmonia, seja no meio profissional ou, por conseqüência, na melhoria social.




Referências

ADORNO, Theodor. Indústria Cultural e Sociedade. São Paulo, Paz e Terra, 2º edição, 2002.
ARBEX JR., José. Showrnalismo: A Notícia Como Espetáculo. 2ª Edição, Casa Amarela, São Paulo, 2002.
BARROS FILHO, Clóvis de. Ética na Comunicação: da Informação ao Receptor. São Paulo, Moderna, 1995.
CANCLINI, Nestor García. Consumidores e Cidadãos. Rio de Janeiro, Editora Ufrj, 6º edição, 2006.
COELHO e CASTRO, Cláudio Novaes e Valdir José de (orgs.). Comunicação e Sociedade do Espetáculo. São Paulo, Paulus, 2006.
ERBOLATO, Mário. Deontologia da Comunicação Social. Vozes, Petrópolis, 1982.
LOPES, Luiz Carlos. O Culto às Mídias: interpretação, cultura e contratos. São Carlos, EdUFSCar, 2004.
MATTELLART, Armand e Michele. História das teorias da Comunicação. Edições Loyola, São Paulo, 1999.
MORIN, Edgar. Para Sair do Século XX. Rio de janeiro, Nova Fronteira, 1986.
RIBEIRO, Jorge Cláudio. Sempre Alerta. São Paulo, Brasiliense, 1994.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo: Porque as Notícias São Como São. Florianópolis, Insular, 2ª edição, 2005.

*Artigo de Teoria do Jornalismo, para Jorge Ijuim, pós-graduação Teorias e Práticas de Jornalismo Contemporâneo, Abril/2006.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

New journalism: Vivência



Pela brecha da janela


Janelas são brechas para as pupilas dilatadas descansarem de telas de computadores e TVs – disse-me certa vez um oftalmologista. Na janela ao lado da minha mesa de trabalho, metade da visão é o finito de um muro escurecido, sem reboco e com desenhos formados pela descida de chuvas. Além do tijolo à vista, vem a amplidão do céu, sem nenhuma construção à frente.
Sentei-me para transcrever uma ‘vivência diferenciada’ por exigência de um dos exercícios literários quando me deparei com o infinito do céu e sua imensidão murada acima. Devaneios mesmo! Veio à lembrança, nítidas imagens de um acontecimento simples e tão marcante, como se estivesse novamente acontecendo.
O azul celeste da janela ampliou-se para o mar visto do alto de uma ponte e senti o cheiro e os olhos ardidos de sal a admirar o belo e poderoso mover do vento que trazia a massa de água espumosa em ondas, numa representação do que é intocável, desconhecido. Na estrutura da ponte, a água quebrava e trazia pingos de chuva, banhando a muitos que ali se encontravam. Formava um bloco azul que vinha lá do encontro do azul do céu – o azul: cor do infinito – espumava branco e veloz como lebre e forte como uma tourada; batia na muralha de blocos de pedras gigantes; subia mais de quatro metros; chocava-se com fúria na construção de metal que um dia invadiu o espaço do oceano e agora era paisagem; de lá, descia em chuvas a molhar o que abaixo se encontrava.
Ao rever no imaginário o encontro furioso das ondas de quatro metros de encontro à ponte metálica de Fortaleza lágrimas espontâneas descem descontroladas, exatamente como desceram as lágrimas pelo choro naquele dia.
Lágrimas diferentes porque estas não as sinto com o mesmo sabor de sal e da companhia física do meu pai. Estávamos postados diante da ponte porque eu havia conseguido acompanhá-lo de volta a sua terra natal após uma saída miserável de 25 anos atrás, como retirantes de uma seca originada pela má-política(Terra e água no sertão há, e há muito mais formas de devolver, em serviços, o imposto pago).
Naquele dia, o som maior era o estouro da onda e da sua força, enquanto cada um se perdia em devaneios num misto de alegria e angústia. Sentia meu pai com um olhar cheio de pensamentos “lá dentro” e também rasos por tantos percursos desde quando saíramos de perto daquela imensidão inigualável. Sabe-se lá exatamente o que se passa nos pensamentos de uma pessoa que estava diante de algo tão próximo a si por mais da metade da vida e apenas agora tivera a oportunidade de ver e sentir. Há o mar! Meu pai nascera, criara-se e constituíra família em um lugar há menos de duas horas do mar, e nunca antes o tinha visto.
Aquela agitação toda se debatendo na estrutura metálica era como uma chibatada no coração que eu não sabia se era eu que levava ou se era meu pai que sentia de tão unidos ficamos por aqueles instantes. O barulho muito alto não era desagradável. Era um chilrear imenso que assoprava em um ouvido gigante e rebatia não só no meu coração, mas parecia que retumbava em cada um que estava por ali, numa resposta de composição obrigatória, por estarem todos no mesmo lugar e momento.
Depois da quebrada do mar, as gotas penetravam na estrutura abaixo dos nossos pés e subiam jatos de água dando banhos de espuma de sal. De cada lateral da ponte metálica, a espuma subia mais livre, numa altura tão grande que trazia admiração feita de medo e encantamento.
Era o exemplo real da invasão do homem em terras desconhecidas. A natureza incomodada para construir uma ponte de contemplação, de atração turística! Uma formação de vento e água que podia ir e vir com liberdade encontrava bloqueio e, de suave, ao encontrar a areia branca, violentamente chocava-se ao encontrar a ponte. Mas dizem que a intenção do homem, na maioria das vezes, é boa. Seu querer é agradecer a natureza, projetando seu aspecto para melhor usufruí-la, isso porque tudo lhe fora dado como presente.
Meus pensamentos estavam como ondas. Iam e vinham em divagações entre o que meu pai estaria pensando e o burburinho dos outros turistas que falavam e, de suas falas chegavam sons em porções de palavras superadas pelo barulho das ondas na ponte. Muitos não se continham na contemplação e comentavam que o mar não entendeu a intenção do projeto e ali revidava, bravio. A força da natureza sempre superior ao querer e construir humanos.
Com certeza aquele poderio de tanta beleza havia trazido ao meu pai a lembrança da retirada de sua terra para outras ainda desconhecidas e que agora representavam seu lar. Será que se perguntava por que essa magnitude terrena não lhe fora apresentada antes? Afinal era a primeira vez que via o mar e fora preciso buscar nova paisagem, tão longe, voltar na velhice e contemplar a grandiosidade das coisas de sua terra natal. Seu antigo lugar agora era um passeio, uma viagem de férias que nunca pensava que faria na vida.
Ao longe, ouço um noticiário vindo da vizinhança e o burburinho de uma palavra ou outra chega ao alcance dos meus ouvidos. Palavras que não formam nenhuma mensagem trazem-me de volta ao agora, deixando a quebrada das ondas na ponte da vida, lá nas reminiscências.
Fica a dorzinha da lembrança e a calma de algumas certezas um tanto confusas, afinal, foi a última viagem de meu velho pai. Meus ouvidos, por um instante sem medida, ouviram as batidas da onda com tanta força que trouxe um sufoco na garganta. Levanto-me para fechar a janela e uma brisa geme e me traz o sussurro do último suspiro vindo de um leito. De novo, tudo volta a ficar embaçado, tal como o esfumaçar da espuma do sal.
A vida cessa no corpo cansado. A brecha da janela desaparece. Volto para a tela que “descansa” e que, como eu, ficou sem vontade de trabalhar. Fecho o ciclo do dia e, no repouso, logo sonho estar em um navio. Em conversas com um velho capitão sobre suas histórias de navegação pelos portos do Brasil, Europa e continente africano, acordo sorrindo pela lembrança das descrições desse velho navegador que conheci em uma viagem...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

New Journalism: perfil



A produção textual no formato de jornalismo literário requer o estudo das conceituações teóricas da comunicação devendo produzir a informação em consenso com a ideologia profissional e o querer mercadológico, além de escrever em conformidade com o público do veiculo que vai transmitir o material produzido. Na descrição de um perfil feminino, a prática de uma teoria literária em debate.




Muxoxos e trejeitos femininos


Alta, de pasta executiva negra como negros são seus cabelos, senta-se ao meu lado uma mulher que começa logo a dizer que se considera “mulher de atitude” porque se diz rápida no agir e porque tem pose de decidida. De aparência esquelética na vontade, mas na luta da balança, sua pele é clara sem ser translúcida. Parece ter lido meu pensamento ao fazer o gesto típico de quem precisa de protetor fator 30: o sol abrasante a faz apertar levemente os olhos e levar a mão à altura das sobrancelhas um tanto finas, mas marcantes por realçarem os olhos castanhos claros.
Rapidamente começa a falar como se fosse dado um sinal de largada em fórmula 1 sem o Rubinho. Para atropelar o tempo, começa a falar sobre si mesma, mas antes muda a postura um tanto encurvada para retesar a coluna e cruzar a perna esquerda sob a direita. Inicia um assunto com maestria de púlpito, de apresentação de palestra. Meu olhar observador a faz comentar que a postura causa às pessoas o sentido de uma maturidade, isso porque já sentiu muita incredulidade pela pouca idade que tem, ainda mais por exercer uma profissão com tanta concorrência como a sua.
Pelo comentário, noto sua vaidade pelo uso de acessórios que combinam com a saia de tecido leve, à altura do joelho e o terninho básico, num misto de verão e sobriedade, como se isso fosse possível. Continua a falar e diz que faz parte da postura cultivar as atuais manias das mulheres – temer a balança e serenar os cachos em constantes “chapinhas” – e ri com gosto num volume de igual tom da fala.
Na conversa, pude observar um e outro gesto de decisão, pela firmeza sentida, numa mescla complementada por um rosto de menina, ainda em formação.



Lembra da sua infância, lá no início! Conta com tranqüilidade ter sido fruto de uma gravidez sem planejamento. Quando sua mãe era estudante de medicina, a gravidez indesejada fez com que a primogênita fosse criada pela bisavó até os três anos, voltando para a mãe que já iniciava sua carreira de médica e futura empresária do agronegócio. Considera por isso e por outras atitudes no dia-a-dia, ter um exemplo de mulher persistente como mãe.
A essa altura relaxa a postura! Menos retesada demonstra estar à vontade no que conta. Quando adolescente acreditava ser a patinha feia e somente se deixou conquistar pelas pessoas quando já estava na faculdade. Faz uma careta leve e parece pensar alto ao dizer ter sido uma estudante concentrada com toda a sua formação que foi obtida numa escola particular. Complementa que, hoje em dia, carrega no semblante o orgulho de ser formada por uma universidade federal e de ter um bom domínio dos muitos encantos da advocacia, o que a faz acreditar ter escolhido uma das profissões de glamour e de oportunidades.
Pela correria profissional, diz que é difícil ter oportunidade de olhar para o céu aberto e que, por estar perto de tanto verde, podia estar era descalça, o que só não o fazia pelo compromisso seguinte que exigia estar de sapatos fechados! Podia continuar ali, calma, porque naquela altura do dia, bem merecia um chinelinho e ficar de bobeira dando milho aos pombos!
Atualmente, acredita ser uma mulher sem rotina, apesar de cumprir carga horária de três turnos por estar numa fase temporária por querer fazer de seu escritório, a principal tarefa profissional: enfrentando tribunais, ordenando tarefas e segura em reuniões com clientes.



Mas a inquietude é superior à completude dos que sonham!



Em seu desassossego diário, é professora de algumas disciplinas jurídicas e, noite após noite no ensino, acorda cedo para prestar serviços no escritório regional da ordem (dos Advogados). Em algum meio tempo, amadurece a decisão de um casamento que está prestes a realizar e ainda, diariamente, cultiva amizades pelo orkut, deixando uns recadinhos espontâneos que só o amigo entende.
Na vida sentimental confessa que, dos namorados passados, não tem lembranças ruins pois não guarda os rancores que a fizeram terminar a relação. Ainda mais que, sua reclamação era o tempo precioso gasto na conquista, nos vai e volta e nas diferenças de personalidade. Agora acredita ter encontrado sua alma gêmea por estar ao lado de uma pessoa que contribui na construção de sua personalidade transformadora, na solidificação de sua carreira e de ambos acreditarem terem encontrado um sócio para a vida.




Seu sorriso não lhe sai do rosto, mas não chama tanto a atenção quanto o movimento dos olhos que passeiam por todos os ângulos. Percebe-se que brilham quando a ‘briga’ é boa porque, ao falar de temas que gosta, fagulhas são lançadas. Quando o assunto tem relação com os direitos do consumidor, o que está envolvida desde a faculdade, volta a assumir uma postura firme, decidida e entendedora do assunto. Fala do seu voluntariado em uma associação de direitos do consumidor embalada pelo sonho de ver uma sociedade bem informada e conhecedora de seus direitos (com o código do consumidor no bolso).



Acredita na evolução dinâmica da vida e gosta muito de histórias de pessoas com personalidade transformadora, que viram a próxima esquina sem medo e sem freio.



Volta a relaxar ao conversarmos sobre livros, filmes...
... Lembra do filme Olga por representar a mulher que se dedica a um plano e se preciso for, gira 360º sem olhar para trás. Outro filme que considera bom é “Adeus Lênin”. Por este filme tem orgulho de tê-lo assistido nove vezes atraindo amigos para assistir consigo! Agüenta! Chupa essa manga – diz rindo com gosto e dispara dizendo que dá voltas e quilômetros para estar em companhia de um amigo, tomar um tereré, trocar idéias, receber ou dar conselhos, se preciso for.
Entre seus amigos estão os mais de dez primos, gente de sua faixa etária e de todas as idades que agüentam assistir filmes, falar de nada e de alguma coisa! Incluindo sua própria mãe, que também lhe pede conselhos advocatícios e administrativos, assunto que quer dominar cada vez mais gastando pestanas em seus livros (e por isso estuda com afinco).
Diz-se consciente de sua personalidade agitada e por isso se concentra, três vezes por semana, em aulas de ioga. Explica que a adrenalina combina consigo mas precisa dos ensinamentos para ajudar no equilíbrio da vida e para sua personalidade.
Vê-se, com percepção, que seu esporte radical preferido é a quebra da rotina e que exercitar ioga às seis horas da matina, é mais esporte do que filosofia!
Diz acreditar na existência da obstinação no caráter de todas as pessoas e que a maioria ama a transformação de suas vidas, mas continua no mesmo caminho pela segurança de suas rotinas!! – afirma com convicção e complementa que até em seus gesto existe certa contradição. Isso por ter uma personalidade agitada em oposição ao seu sonho de ser ponderada e tranqüila, de querer estar em lugares tranqüilos, como se sente agora e planejar ter ao lado, uma família perfeita, com marido, uma ninhada de filhos e uma casa confortável!
Nas poucas marcas do seu rosto, vincos de preocupação se vêem, na hora que fala do futuro, do desejo de atingir o equilíbrio na vida. Por isso, acredita em videntes, se preciso, faz consulta e parece crer piamente no que dizem, não como se fossem vaticínios, mas algo a considerar bem.
A empolgação no falar provavelmente a fez ter se esquecido das horas, que passaram muito rápido.
De repente, parece lembrar-se do compromisso no cartório, faz um gesto quase infantil com um muxoxo de bochechas, alisa a saia com rapidez e levanta-se com cara de quem enfrenta o mundo de bolsa e salto alto.
No ploc-ploc de passos miúdos e ligeiros, sai calçada afora e penso que é melhor nem interromper tanta pressa para perguntar qual seria seu nome.




Produção para a Disciplina de Jornalismo Literário da pós-graduação de Teorias e Práticas de Jornalismo Contemporâneo, Outubro/2007.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

New Journalism: Produção de perfil e vivência

Por: Cecília de Paiva

Conceituação teórica

Na discussão sobre o papel da mídia, o criador do “Observatório da Imprensa”, jornalista Alberto Dines enfatiza que jornalismo se faz nas páginas de esportes, nas páginas de política, de cultura e nos veículos empresariais, que “existe o jornalismo, com suas regras fixas e definidas, que se pratica em vários ambientes, em vários tipos de veículos.” (DINES; NASSAR; KUNSCH(orgs.), 1990, p.67)
Nesse feitio conta a individualidade textual mesmo que muitos alterem um ou outro dado, com profissionais que podem estar em instituições ou desvinculados aos meios tradicionais. Atuantes da responsabilidade ética e prestadores de serviços por procurarem emitir informações que despertem o interesse crítico, além de serem preocupados com a atual realidade onde “o sólido se evapora” e, por isso buscam contribuir no processo de formação de identidades (CANCLINI, 2006, pp. 65, 131,136).
Diante dessa missão idealizadora de informar para formar, há de se considerar que a divulgação feita por um meio ou por um profissional da área da comunicação, subentende a credibilidade popular.
Segundo prega a Escola de Frankfurt, “a produção da cultura é realizada em função dos meios” conforme recorda Adelmo GENRO FILHO (1997, p.97). Pela razão de, podermos vivenciar uma amplitude de mercados, de mudanças sociais, de não-delimitação física, com uma vizinhança fechada em si mesmos, é preciso utilizar a mídia como canal de mediação. A forma textual deve ter uma composição em conformidade ao canal em que será transmitida.
A mídia é como um mercado, um cartaz referencial para a divulgação do que se produz singularmente para que o restante do mesmo social, possa conferir, comentar, adquirir, aprender ou refutar. Claro que há conseqüências de padronização e homogeneização... (GENRO FILHO, 1987, p.97)
Para tanto, entender qual a linha da produção da notícia que será adotada deve ter planejamento posterior do jornalista, o qual pode seguir formatos anteriormente estudados e fundamentados, como por exemplo, a respeito do que expõe Antonio HOHLFELDT (2002, p. 203/204) ao esclarecer sobre newsmaking como sendo os fazedores de notícia ou da criação da notícia. O autor defende os procedimentos em torno dos processos de gatekeeping ou da filtragem da informação, verificados por Kurt Lewin em 1947. (Cfr.HOHLFELDT, 2002; BARROS FILHO, 1995; WOLF,1999)
Do conhecimento, pode-se dar o toque da criatividade, da pessoalidade textual. Deriva do tratamento jornalístico, baseado em técnicas e teorias fundamentadas, a condução de um formato de produção noticiosa contributiva para informar. A informação será narrada pela filtragem do profissional e nela está intrínseca o como produzir o material noticioso.
Essa responsabilidade exige que técnicas e hipóteses existentes favoreçam o modo de produzir utilizando recursos literários sem deixar de ser emissor de uma mensagem objetiva.
A forma de narrar faz com que a produção final possa ser utilizada e com maior probabilidade de ser veiculada pelos meios de comunicação de massa. A leitura atrativa mesclada com a informativa faz a prestação de serviço que o jornalismo reclama ser. A interpretação das manifestações contemporâneas pode ser concebida com responsabilidade e atenção no que e para quem se emite a informação.
Ricardo Kotscho demonstra o fascínio em “descobrir e contar para todo mundo aquilo que se está querendo esconder da opinião pública” (KOTSCHO, 2001, p.34). “A Prática da Reportagem”, obra que consegue repassar intensa e extensa experiência jornalística, afirma a possibilidade de se poder produzir um bom perfil em apenas algumas horas se preciso for, ou pode levar mais de um mês para ser concluído, como acontecia na revista Realidade. (KOTSCHO, 2001, pp.42-43)
Claro que não se devem forjar ferramentas de pura atração a ponto de deixar a objetividade tão floreada que a leve para a historia da dúvida, como nas reportagens romanescas do jornalista David Nasser, admirável pela sua narrativa, mas pendente à informação tal qual “histórias de trancoso”, que são narrativas cuja imaginação superam a veracidade dos fatos. (CARVALHO, 2001)
Existem produções em que se comprova o trabalho de “tecelagem jornalística” de autores com boa retórica, beleza descritiva e cuidados com a “realidade subjetiva”, posto lidarem com as realidades contadas por lados diferentes, a exemplo de Caco Barcellos nos livros reportagens “Rota 66” e “Abusado” produzidos pelo jornalismo de campo. O autor reúne agradável leitura, traz a tensão e consegue angariar empatia na leitura por trazer imediata visualização do que se lê.
Sergio Vilas Boas ao falar sobre biografias e biógrafos esclarece o ato de bem desenvolver uma pesquisa que contemple diálogos depende das observações e levantamentos minuciosos para se trabalhar com experiências pessoais. (VILAS BOAS, 2002, 78)
Para Edvaldo Pereira Lima, (LIMA, 1998, p.8), o prazer obtido na leitura pode desaparecer se há necessidade de o leitor esforçar-se ou ter uma exigência intelectual mínima, afirmando que, para cada leitura existe um ponto ideal no qual, para uma leitura fora desse ponto, torna-se desinteressante. (LIMA, 1998, p.108)
O autor cita Euclides da Cunha como um dos precursores dessa mescla de narrativa literária com jornalismo investigativo e a completude de “Os Sertões”. Nessa obra, o autor inclui-se junto com o leitor quando, em muitas ocasiões, utiliza a pessoa “nós”, numa participação simultânea, dando contemporaneidade ao ato da escrita com a leitura. Ao fato histórico, observa-se o corte da história, o que ocorreu em determinado lugar e, desse corte, o autor contextualiza sua narrativa com outras informações, vislumbrando o universo contido no livro. Descritiva para a terra, o povo, o contexto político e, ápice de toda a obra, há o descrever do nordestino, consagrando o livro em clássico literário, com um traquejo descritivo único, a exemplo da caracterização do homem sertanejo, incluindo a aparência física para opor-se à fortaleza psicológica, comparada ao “raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.” (CUNHA, 1992, p.91)
A produção textual depende de muitos fatores, mas a leitura, o entendimento teórico e pesquisa investigativa sobre o tema, com a vivência autoral junto ao objeto da informação são elementos primordiais para um bom texto narrativo.
Nas experiências ao longo da historia, comprova-se que há feitio jornalístico de sentido universal, no qual, em qualquer lugar, a ética e o formato de objetividade, parcialidade, etc., devem direcionar o jornalismo, o qual tem suas teorias e hipóteses para a atuação profissional nas redações, ou em ambientes personalidades, inclusive especificações exclusivas para o feitio do jornalismo literário.
O que difere são as experiências pessoais, nuances e certas diferenciações, inclusive o próprio ambiente não-redacional, com profissionais de jornalismos fazendo a mediação direta e indireta da informação para a sociedade, produzindo uma linguagem diferencial, emotiva, expressiva, enfim, agradável “aos ouvidos” do leitor.
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Referências
ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. Editora Paz e terra, 2ª edição, Rio de Janeiro, 2004.
BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica: As técnicas do jornalismo. São Paulo, Ática, 4ª edição, 1990.
BARCELLOS, Caco. Abusado: O Dono do Morro Dona Marta. Editora Record, 7 ª edição, Rio de Janeiro, 2003.
BARROS FILHO, Clóvis de. Ética na Comunicação: da Informação ao Receptor. São Paulo, Moderna, 1995.
CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e cidadãos. Rio de Janeiro, UFRJ, 6ª edição, 2006.
CARVALHO, Luiz Marklouf. Cobras criadas. São Paulo, Editora Senac, 2001.
CUNHA, Euclides. Os Sertões. Rio de Janeiro, Ediouro, 1992.
DINES, Alberto; NASSAR, Paulo; KUNSCH, Waldemar Luiz (orgs.). Estado, mercado e interesse público: A comunicação e os discursos organizacionais. Brasília, Banco do Brasil, 1990.
ERBOLATO, Mário. Deontologia da Comunicação Social. Vozes, Petrópolis, 1982.
GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide. Porto Alegre, Tchê, 1987.
HOHLFELDT, Antonio; MARTINO, Luiz C; FRANÇA, Vera Veiga(orgs.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis/RJ, Vozes, 2ª edição, 2002.
KOTSCHO, Ricardo. A Prática da Reportagem. Editora Ática, 4ª edição, São Paulo, 2001.
LIMA, Edvaldo Pereira. O que é Livro-Reportagem. Editora Brasiliense, São Paulo, 1998.
______. Páginas Ampliadas. Campinas, Unicamp, 1995.
LOPES, Maria Immacolata Vassalo. Pesquisa em comunicação, formulação de um modelo metodológico. Edições Loyola, 2ª edição, São Paulo Brasil, 1994.
MATTELLART, Armand e Michele. História das teorias da Comunicação. Edições Loyola, São Paulo, 1999.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: Porque as notícias são como são. Insular, 2ª edição, 2005.
VILAS BOAS, Sergio. Biografias e biógrafos, jornalismo sobre personagens. São Paulo, Summus, 2002.
WOLF, Mauro. Teorias da comunicação: Mass media: Contextos e paradigmas, novas tendências, efeitos a longo prazo, o newsmaking. Editorial Presença, 5ª edição, Lisboa, 1999.

Calangos, raposas e jumentos








Pronto, aderi: sou blogueira. E que opção?
Esperei o modismo passar, sou certamente tradicional, mas vários 'nichos' em adesão, nao teve jeito! Participo, sou do mundo! Faço parte, dou o grito: Estoy aquí, como diria Shakira.
Planos para este blogue? Sem a dimensao do diário, semanário, ou publicações eventuais!
É o começo! é falar lá da terrinha, onde ainda encontro o rastro dos lutadores e sobreviventes em calangos, raposas e jumentos!





Estudos de comunicação? com certeza - é parte da minha função neste mundo




Viagens? dicas de mochiladas? fotografia? - é minha curtição!!!!







Estudar, todos os dias e horas de concentração mesclados com a prática de relacionar-se com o mundo! É comunicar com todos que estão em volta e, nos intervalos mais prolongados: conhecer outros lugares! Aí as viagens!




Dica conhecida - pouco peso, basta um livro - aquele livro que vale a pena fazer parte da bagagem!






Ops, volta aos estudos!