"Quando secam os oásis utópicos, estende-se um deserto de banalidade e perplexidade.” J.Habermas
quarta-feira, 3 de julho de 2024
Sob os olhos de uma mulher
(texto produzido/não publicado em 8/6/2010)
Inexiste um ser humano que nunca esteve sob o olhar de uma mulher em sua vida. Em todos
os lugares do mundo e em toda a história humana, é possível encontrar fortes olhares
femininos, ora cheios de amor, de alegria ou de dor, ora vazios e opacos de solidão ou
tristeza.
Às vezes, lendo a Bíblia, vemos a mulher menos privilegiada na história, coberta de véu
e à sombra da costela do homem (cfr. I Cor 11, 1-15). Sim, as mulheres abaixavam a
cabeça porque a tradição suprimia-lhes o ensino e a participação política na sociedade.
Ainda assim, ressalta o olhar feminino em todas as situações.
O maior exemplo está nos olhos magníficos de Maria. Ao recordar Canaã, imagina-se como
foi o olhar de Maria sob Jesus, um meninão ainda teimoso, obediente pelo amor e puro
encanto de mãe. Depois vem o olhar de Cristo ao encontrar os olhos de dor na agonia da
Cruz. Angustia e choca, mas nos envolve de amor. Um amor tão forte que se propagou ao
longo dos séculos e ainda segue aquecendo corações.
Imaginemos esse olhar perpetuado ao longo da história. Que tal sentir sob si o olhar de
uma das mulheres mais incríveis de nossa era, Madre Teresa de Calcutá? Eis uma vida que
demonstrou sua crença no amor e na plena convicção da força de um sorriso.
Dela como exemplo, temos como sentir outros olhares ao nosso redor. Em nosso caminhar
vários olhares estão tão perto de nós, porém passam despercebidos, são ignorados. Mães,
irmãs e a parentada toda, vizinhas, colegas de estudo ou de trabalho e as grandes
amizades que conquistamos ao longo da vida. As nossas correrias não são justificativas
suficientes para ignorar seus olhares e compartilhar alegrias ou perceber qualquer
pedido de socorro.
Nos disfarces da sobrevivência, convivemos com sentimentos de êxtase artificiais,
depressões, doenças, esgotamentos, violências, sonhos desfeitos e desesperanças. Estamos
em plena era da aparência, da mulher com silicone, corretivos faciais, batom e salto
alto. Contudo, sempre há como sentir o olhar da alma, do coração, da transcendência
divina.
Dessa forma não é complicado retornar ao olhar de Maria e sentir a pureza do amor de
Deus em seu Filho. Jesus Cristo é a manifestação do puro amor de um Pai que sempre
esteve muito próximo da sua criação. Homens e mulheres manifestam esse amor.
Em alguns momentos, vemos ou ouvimos falar de mulheres que continuam de cabeça abaixada,
umas por medo de olhar o outro, outras por medo do que diz o seu próprio olhar. Mas em
primeiro lugar, é crer que, em todos os momentos, Deus a amou e assegurou a perfeição de
Sua criação. Uma criação que, entre evolução e tropeço, manifesta a divindade de um Deus
que também aprende com os olhares de amor que existe em toda mulher.
Neste dia da mulher, encontre-se com esse olhar, mas tenha cuidado. Pode ser um olhar
muito poderoso e refletir sua própria alma.
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