Acompanhar a nova onda do imperador, digo do mercado midiático, traz muito desconforto como profissional da área. Sentir isso já nem é novidade. Quantas discussões estão girando em torno do casal nardoni. E tem mais: a pixação popular tanto nos muros perto de onde os nardoni passam, quanto nos 'muros virtuais'. Também sem novidades: na net encontramos de tudo, comparável e até superlativo ao que poderíamos encontrar fora dela, a diferença é o universo digitalizado. Fico imaginando as pessoas que carregam esse sobrenome. Levam pedras literais e virtuais. Tem inclusive artigos na Internet sobre as ofensas recebidas e as defesas necessárias.
Entre outras possibilidades de reflexão sobre o que a mídia nos 'brinda', lembro de uma entrevista do pai-nardoni comparando esse caso a julgamentos errôneos que já ocorreram na história, com a força da mídia. Disse que, caso os nardoni sejam condenados, será mais um veredito tipo Escola-base, lembrando-nos da famosa condenação midiática antecipada, comprovando-se depois que os donos da escola eram inocentes às acusações de pedofilia. Fora tudo comoção provocada pelo fanatismo acelerado pelo jornalismo dito sério.
E agora? o que esses sete jurados poderão encontrar como prova que chegue a uma sentença justa? Eles estão com laudos e informações menos subjetivas do que nós, pois, o que temos é o acesso à informação filtrada, digerida por vários olhares e recortes possibilitados pela complexidade que compõe a mídia. Não temos nada para julgar ou sentenciar. É certo que está criminalizada a situação. O casal é culpado de uma forma ou outra, tratando-se de uma criança indefesa, que deveria ter toda a sua vida resguardada pelos adultos que a tutelavam. Ocorreu o ato violento. Veio a morte de forma cruel.
O que está sendo julgado, na verdade, é a intencionalidade de matar. Isso que pesa. Gera uma comoção tão grande que, para muitos brasileiros, é praticamente impossível não reagir. Os que não suportam qualquer tipo de passividade antecipam julgamentos, sentenciam, pixam, querem opinar e encontrar um modo de expor sua indignação e sua ira. Mas onde e como mensurar essa intencionalidade?
Vem o mercado midiático e nos oferta todo tipo de ângulo, nuances e toda espécie de reconstituição possivel. Já convenceram praticamente à maioria. Isso se nota pela tendência instaurada nas comunidades encontradas no orkut e outras redes sociais.
Apesar das muitas manifestações de condenação antecipada, ainda encontramos pessoas que sentem seus pesares e suas dores com a imensa esperança de um julgamento justo, independente das abordagens das notícias ou do número de inserções da mídia.Também creio que ainda há como aguardar a sentença possibilitada pelo bom-senso dos sete jurados escolhidos. Tiveram acesso a dados que os gestores e envolvidos no processo conseguiram reunir, além de estão diretamente envolvidos com a responsabilidade que lhes pesa: sem cortes ou filtros para uma boa imagem ou para encaixe da palavra na coluna do jornal.
Apesar das muitas manifestações de condenação antecipada, ainda encontramos pessoas que sentem seus pesares e suas dores com a imensa esperança de um julgamento justo, independente das abordagens das notícias ou do número de inserções da mídia.Também creio que ainda há como aguardar a sentença possibilitada pelo bom-senso dos sete jurados escolhidos. Tiveram acesso a dados que os gestores e envolvidos no processo conseguiram reunir, além de estão diretamente envolvidos com a responsabilidade que lhes pesa: sem cortes ou filtros para uma boa imagem ou para encaixe da palavra na coluna do jornal.